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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Diminui de um lado, aumenta de outro...


A cidade movimentou-se nos últimos dias.
Talvez pelas festas de fim de ano.


Talvez pelo calor.
Digo isso pois, em ambos os casos, o consumo de bebida alcoólica aumenta e, com ela, o número de crimes dispara.


Principalmente os relacionados à Lei Maria da Penha.
Não bastasse o homicídio de alguns dias atrás, nesse feriadão ocorreu mais um homicídio e duas tentativas de homicídio.


E já fui avisado que em janeiro e fevereiro isso fica mais comum.
O índice de crimes graves dispara.


Talvez pelos motivos que mencionei acima, mas, logicamente , associados a outros.
Os assaltos, por outro lado, diminuíram, por enquanto.


Muito em função do nosso trabalho direcionado a isso, elucidando autorias e prendendo preventivamente os acusados.
No próximo mês alguns remanejos acontecerão em virtude de férias de colegas.


Mudando um pouco der assunto.
Triste ver a má vontade das pessoas para colaborar com o nosso trabalho.


Falo isso de um modo geral, pois, claro, existem exceções.
Há pessoas que nos procuram para ajudar, dar informações.


No entanto, há vítima de crimes com extrema má vontade na colaboração conosco.
Acham ruim deslocar-se até a Delegacia por algumas horas para dar maiores detalhes, olhar algumas fotos, enfim, fazer um pouco de esforço pra solucionar o crime.


Grande parte disso é justificado pelo “medo de se incomodar”, de ser perseguido pelo autor do delito.
Argumento dizendo que pior ainda é ele continuar solto repetindo os mesmos atos com outras pessoas ou com as mesmas.


Mesmo assim, há certa resistência.
Grande parte delas, aliás, em casos de furto ou roubo, nem se interessa se o indivíduo foi preso.


Apenas querem seus objetos de volta.
Triste ver esse tipo de atitude, já que uma colaboração maior facilitaria o nosso trabalho e, possivelmente, melhoraria a sensação de segurança como um todo.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Feliz Natal!

Difícil escrever algo diferente nesta época.

Tudo que é dito ou escrito, invariavelmente, é clichê.

No entanto, acho que não deveria passar em branco esse dia, sem que eu desejasse a todos os leitores um FELIZ NATAL.

Independete de religião, mas por todo o significado desta data.

Consegui ficar em casa neste Natal.

Não peguei nem plantão, nem sobreaviso.

Na virada do ano, em princípio, também estarei em casa.

Confesso que fiquei procurando uma foto interessante para postar, algo que fugisse da normalidade e remetesse à função policial.

Não foi fácil, mas encotnrei algo melhor do que procurava.

A Polícia Civil de Ijuí promovu o 1º Natal Solidário, levando um Papai Noel nas cores da Instituição.

Acredito que sejam exemplos assim que facilitam a integração entre a Polícia e a Comunidade.

E isto é de fundamental importância.

Abraço a todos os leitores!

Link da reportagem: http://www.jmijui.com.br/publicacao-7927-news2.fire


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Estou vivo!


Voltando!
Perdoem-me o sumiço.

Estive ocupado, me organizando, e desacostumei a escrever.
A preocupação de vocês obrigou-me a voltar.

Agradeço.
Aconteceram fatos diferentes desse período.

Fui chamado no sobreaviso três vezes em um fim de semana.
Duas vezes para fazer condução de preso e uma vez para realizar o levantamento local de crime em uma tentativa de homicídio.

Fatos diferentes, que ainda não haviam acontecido.
Também precisei fazer o local de crime de um homicídio culposo.

A vítima? Um bebê de um mês e meio.
Mas ele não estava no local, já que foi levado ao hospital em busca de socorro.

Triste.
Abalou-me durante todo aquele dia.

Nesse período, realizamos uma campana à noite, para investigar alguns fatos.
Também foi interessante.

Hoje, ocorreu um homicídio doloso.
O primeiro, desde que comecei a trabalhar.

Não fui ao local do crime, mas diligenciamos para identificar os suspeitos.
Por estar em fase de investigação, não convém contar os detalhes.

Os dias têm alternado entre momentos de pouco ócio e de ocupação intensa.
Agradeço, mais uma vez, aos amigos pela preocupação.

Abraço a todos!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cumprimento de mandado de prisão no Hospital


Dia movimentado.
Esses são os melhores dias.

Esses são os dias que mais rendem e que passam mais rápido.
Logo de chegada, pela manhã, outro colega, que não o meu parceiro, me convidou para fazer uma condução de preso.

Fomos até o presídio buscar um homem para ser ouvido.
Tudo transcorreu normalmente.

Voltamos para a Delegacia e ele disse que me avisaria quando fosse levá-lo de volta.
Reiniciei aquele trabalho de organização de procedimentos antigos.

Enquanto esperava o chamado, me envolvi com isso.
Não demorou muito e esse outro colega me chamou.

O preso já estava na viatura, eu apenas acompanharia a condução.
Novamente, sem percalços.

Do presídio, aproveitando a saída, rumamos direto para realizar duas intimações.
Intimações geralmente são tranqüilas e essas não foram diferentes.

Na volta para a Delegacia sim, fiz render.baixei a cabeça e trabalhei na organização dos procedimentos.
Trabalho que se estendeu durante a tarde.

No turno da tarde, além desse trabalho, meu parceiro e eu saímos para cumprir um mandado de prisão.
Um mandado, de certa forma, incomum, já que o indivíduo a ser preso estava internado compulsoriamente no hospital.

Resolvi não usar colete, pois chamaria uma atenção desnecessária no hospital.
De qualquer forma, coloquei o coldre externo, por segurança.

A prisão era motivada por um descumprimento às medidas de afastamento do lar, da Lei Maria da Penha.
Falando assim, impossível não pensar: “Putz! Esse cara deve ser complicado”.

Já vamos preparados para qualquer coisa.
Falamos com os responsáveis no hospital e mostramos o mandado de prisão.

Tecnicamente, esse mandado é superior ao de internação compulsória.
Portanto, não interessa o fato de ele estar internado.

Claro que haveria ressalvas em outros casos de tratamento de saúde, mas não era o caso.
Quando chegamos, ele estava no banho.

Ficamos esperando no corredor da ala até que ele saísse.
Ele saiu do banho e explicamos que tínhamos um mandado de prisão contra ele.

Em princípio, não houve um ar de contrariedade.
A médica responsável conversou com ele, explicando a importância de manter o tratamento para desintoxicação no presídio.

Depois de tudo conversado e dos pertences dele arrumados, ele foi algemado e conduzido.
Enquanto meu parceiro conduzia ele até a viatura, fiquei esperando os documentos da alta e da receita médica.

Feito isso, o conduzimos até a Delegacia para registrar ocorrência informando o cumprimento do mandado.
Informamos o familiar indicado por ele, um servidor do Judiciário e um servidor do Ministério Público, e lavramos o ofício ao Diretor do Presídio.

Tudo praxe.
Há ainda o documento em que ele assina, renunciando ao Auto Exame de Corpo de Delito.

Depois de tudo isso, o levamos para o presídio.
Saímos de lá depois das 18h.

Mas ainda deu tempo de atender os familiares do preso, que não entendiam como podíamos ter tirado ele do hospital.
Depois de tudo explicado, informando o número do processo e sugerindo que procurassem um advogado, pudemos, finalmente, ir embora.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Operação Castelo de Areia


Na quinta-feira fiquei sabendo que fora designado para levar uma viatura até São Luiz Gonzaga.
O veículo seria utilizado em uma operação.

Eu não participaria.
Deveria esperar que ela terminasse e, então, retornar para São Borja.

Mais tarde, quando fui pedir mais detalhes, tudo havia mudado.
Eu iria para a operação.

Apenas eu de São Borja.
Não tinha detalhes de nada.

Não sabia onde seria realizada a operação.
Redigi minha Ordem de Viagem com os elementos conhecidos e passei para que o Delegado assinasse.

Em contato telefônico com um colega de São Luiz Gonzaga, fui informado de que a viatura deveria ser deixada na Delegacia logo quando eu chegasse.
Eu deveria apresentar-me por volta das 2h30min.

Isso dava indícios de que a operação seria longe.
No mesmo dia, uma colega e eu fomos designados para representar o delegado em um evento particular de uma empresa de São Borja.

Ficamos lá até pro volta de 21h30min.
Depois disso, peguei minhas coisas e rumei para São Luiz Gonzaga.

Chovia razoavelmente na ida.
Cheguei em casa por volta das 23h.

Arrumei minha roupa, meus equipamentos e decidi cochilar aquele pouco tempo, antes de ir para a Delegacia.
Dormi umas duas horas.

Acordei 01h30.
02h20min eu já estava na Delegacia.

Alguns colegas já estavam por lá, outros chegaram depois.
Em princípio, nenhum sabia para onde iríamos.

Quando todos haviam chegado, nos reunimos para que as instruções fossem passadas.
Iríamos para Ijuí, até o parque de exposições, onde mais informações seriam passadas.

Nos deslocamos em comboio até lá.
Chovia muito na viagem.

A única coisa que eu conseguia pensar era como cumprir mandados com aquela chuva.
Molhar pistola e carregadores?

Teria que esperar e ver o que os mais velhos fariam.
Quando chegamos nos parque em Ijuí, percebemos a grandiosidade da operação.

Uma grande quantidade de viaturas denunciava que não era só mais uma simples operação.
A presença de colegas do DENARC, de Porto Alegre, e que não é comum fora da região metropolitana, também chamou a atenção.

Nos reunimos em um salão, onde os delegados um a um, falavam da importância e dos cuidados a serem tomados no cumprimento dos mandados de busca e de prisão.
Confesso que a forte chuva que caía sobre a cobertura impedia que ouvíssemos tudo o que era dito.

Havia 70 mandados a serem cumpridos.
35 de prisão e 35 de busca e apreensão.

Divididos entre Ijuí, Panambi e Catuípe.
As equipes foram divididas com um “guia” cada.

Esse guia, conhecia muito bem cada uma dessas regiões e iria nos acompanhar.
Nosso guia tinha um detalhe em especial.

Utilizava um revólver, aparentemente muito antigo, mas muito bem conservado.
Era detalhado em dourado, bem parecido com armas de filmes de faroeste.

Fomos em quatro viaturas.
Uma delas apenas para fechar a rua e fazer a segurança.

Os colegas de São Luiz Gonzaga e eu ficamos na última viatura.
Seguimos nosso guia até a casa onde seriam cumpridos dois mandados de prisão e um de busca e apreensão.

A chuva forte havia cessado.

Apenas uma garoa ainda persistia.

Chegamos na casa e logo desci rapidamente.
Mesmo sendo rápido, quando entrei no pátio da casa, os colegas já haviam entrado na casa .

Ao me deslocar pelo lado, em direção aos fundos, outro colega já trazia um indivíduo algemado.
Tudo muito rápido.

A grande quantidade de policiais ajudava, também, na hora das buscas.
Procuramos entorpecentes por todos os lugares, desde os comuns até os mais incomuns.

Depois de um tempo, nada havia sido encontrado.
Instintivamente mexi um vaso de flor que estava do lado de fora da casa, ao lado da porta.

Havia um papelote aberto com uma espécie de farelo dentro.
Chamei os colegas mais velhos e eles disseram que parecia muito com crack.

Para mim, parecia farelo de pão.
Mas o papelote era de droga.

Depois de fotografado, foi recolhido.
Outros colegas também concordaram que tinha aspecto de farelo de pão.

Na dúvida, foi apreendido e remetido para perícia.
As pessoas da casa aparentavam normalidade diante de nossa atuação.

A mesma normalidade que havia presenciado na outra operação, em Itaqui.
Depois de tudo pronto, rumamos para a Delegacia, onde tudo já estava organizado para a feitura dos procedimentos de praxe.

Saldo positivo na operação e muito aprendizado.
 


 

http://www.pc.rs.gov.br/conteudo.php?cod_menu=461&cod_conteudo=20662

http://www.ijui.com/index.php?option=com_content&view=article&id=42153-mega-operacao-castelo-de-areia-faz-prisoes-e-apreensoes-em-panambi

http://www.ijui.com/noticias/seguranca/42149-policia-civil-realiza-mega-operacao-castelo-branco-para-prender-traficantes-em-ijui-catuipe-e-panambi

http://www.agoraja.net/site/ver.php?codigo=5318

http://www.radioprogresso.com.br/noticias/segurancapublica/regionaiselocais/6991-operacao-qcastelo-de-areiaq-desmantela-seis-quadrilhas-acusadas-de-trafico-de-drogas-em-ijui-e-regiao

http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/policia/noticia/2012/11/policia-civil-desmantela-quadrilhas-de-trafico-de-drogas-em-tres-cidades-do-noroeste-3960364.html

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI6325562-EI5030,00-Operacao+policial+tenta+desarticular+quadrilhas+no+Rio+Grande+do+Sul.html

Sumiço...


Mil desculpas amigos!
Uma série de contratempos me tirou da vida virtual nos últimos dias.

Estivem sem internet nos últimos dias.
Depois, quando retornei ao trabalho, me mudei para minha morada provisória/permanente e fiquei sem luz elétrica e ainda sem internet.

Fiz minha mudança e faltam apenas alguns ajustes.

Duas sensações: a boa, de estar montando minha casa, e a ruim, de perceber que não sirvo para alguns reparos domésticos.


Meus queridos amigos mostraram fidelidade, pois continuaram entrando no Blog mesmo na minha ausência.
Agradeço!


Fora sexta-feira, não realizei atividades interessantes.
Narrarei em outro post tudo o que ocorreu.


Abraço amigos!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Período na Academia de Polícia.

Como já mencionei anteriormente, o período na Academia de Polícia, é muito bom.

Além do aprendizado, fazemos amigos que levaremos para sempre.

O começo geralmente é mais difícil, pela adaptação em si.

Damos risada quando nos dizem que sentiremos falta da Academia, mas isso se confirma.

No final do Curso de Formação, criei dois vídeos, como lembrança de tudo o que havíamos passado.

Compartilho com vocês.

Espero que gostem!

 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Você tem gatos em casa?


Depois de tanto ficar em cartório.
Depois de tanto me concentrar na organização dos procedimentos.

Eis que apareceram dois mandados para serem cumpridos.
Antes disso, claro, eu estava na mesma tarefa de separar e organizar os procedimentos antigos.

E ainda não vislumbro um término para isso.
Durante a tarde, então, chegaram ao nosso cartório dois mandados de busca e apreensão para serem cumpridos.

Já não fico mais nervoso nessas situações.
Estou me acostumando.

Essas tarefas começaram a ficar mais naturais.
Mesmo assim, continuo tomando as mesmas cautelas do início.

Coldre externo, para facilitar um possível saque.
Colete sempre!

Os policiais mais antigos não costumam usar colete frequentemente.
Utilizam apenas em grandes operações.

O colete não é uma vestimenta confortável.
Perdemos mobilidade com ele.

O calor também não ajuda.
Mas é necessário.

Coldre trocado, colete no corpo e algemas no cinto.
Seguimos até os endereços.

O primeiro era tranqüilo.
Uma busca por documentos.

Uma casa aparentando um ambiente familiar.
Esperamos um pouco até a chegada da dona da residência.

Não arrombaríamos a porta sabendo que ela estava por chegar.
Não havia necessidade.

Procuramos como sempre, em todos os lugares.
Apreendemos algumas coisas.

Terminada a busca, nos dirigimos de imediato até o outro endereço.
A rua não era conhecida, o que dificultou a localização.

Andamos de um lado a outro buscando informações sobre o endereço.
Um agente de saúde, que conhecia todos no bairro, nos deu a informação exata.

Quando chegamos, entendemos a dificuldade de localização.
Dificilmente encontraríamos sozinhos.

Na verdade, não havia uma rua para chegar até o endereço.
Deixamos a viatura e seguimos a pé por uns 20 ou 30 metros.

Este mandado exigia mais cautela, já que buscávamos uma arma.
Chegamos e falamos com o morador, que estava sozinho.

Foi-nos franqueada a entrada e passamos a procurar.
Procuramos em todos os cômodos e móveis.

Até o forro da casa foi vasculhado.
Algumas coisas foram apreendidas.

Lembro agora que havia vários gatos e, claro, um preto.
Nos últimos mandados, nossas buscas haviam sido infrutíferas.

Muito embora a extrema minúcia na procura, não encontrávamos nada.
Curiosamente, lugares com gatos sempre tem alguma coisa.

Claro que essa constatação é brincadeira, mas não deixa de ser interessante.
Gatos no local tem significado apreensões.

E você, tem gatos em casa?

sábado, 17 de novembro de 2012

A importância dos informantes.


O serviço investigativo se dá na colheita de informações.
Essas informações são obtidas de diversas formas.

Uma figura conhecida e de grande importância é o informante.
Em alguns casos, o informante fornece elementos com algum interesse.

Há exemplos de traficantes que entregam outros traficantes.
Há exemplos de pessoas que buscam tirar proveito da situação.

Há aqueles que acreditam que, contribuindo conosco, ficaram imunes à nossa ação.
Ledo engano.

Não afirmo aqui que isso não ocorra, mas, felizmente, não presenciei nada do tipo.
Mas há aquelas pessoas que simplesmente querem ver o crime longe de suas casas e acabam passando informações.

O informante pode contribuir de forma eventual ou permanente.
Eventual quando vê algo de que suspeita ou tem certeza da ilicitude e procura ou telefona para a polícia.

Nesse caso, quando o informante conhece algum policial, procura diretamente por essa pessoa.
Seja em ambiente de trabalho, seja em casa.

Se não conhece, geralmente efetua ligação para a Delegacia e passa a informação, de forma anônima.
De posse da informação passada, fazemos uma certidão relatando tudo.

Ela é repassada ao Delegado, que decide a relevância e o que deve ser feito.
Mas também há os informantes que contribuem de forma permanente.

Contribuem ou por conhecer os sujeitos relacionados ao crime, ou pelo fato de o crime acontecer no meio onde vive.
Mas, claro, isso são pequenos exemplos.

Há N fatores que levam alguém a ser um informante.
E há que se ter o cuidado de filtrar tudo o que nos é passado.

Não acreditar em tudo, mas não desmerecer nada antes de confirmar as informações.
Como disse, o informante, geralmente, fideliza suas informações a alguém.

E não adianta, se ele não tiver confiança plena em outro policial, não vai falar.
Na condição de novato e de não estar na minha cidade natal, ainda não possuo informantes.

Frequentemente saio da sala quando informantes aparecem.
Evito causar algum receio e fazer com que a pessoa tema, por algum motivo, minha presença.

Certamente, com o tempo, terei meus próprios informantes.
Por enquanto, me concentro em observar como eles agem e os motivos pelos quais nos ajudam.

Assim, espero poder fazer um bom trabalho quando chegar minha vez.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A aproximação da onda de violência.


Mais um dia normal.
Chega ser entediante falar sobre as mesmas atividades.

Na prática (ainda) não é tedioso.
Segue a organização no nosso cartório.

E vai longe.
É muita coisa.

Durante a tardem conduzimos um preso, que está sob nossa custódia, até o hospital, para tratamento.
Bastante tempo envolvido com isso.

Aproveitei para conversar com os familiares e constatar a normalidade com que tratam algumas coisas.
De resto, atividades pequenas, rotineiras.

Hoje, como nos últimos dias, não há coisas interessantes para contar.
A não ser o fato de eu ter encontrado, finalmente, um lugar interessante e relativamente barato para morar.

Depois de quase dois meses.
Relativamente barato para a cidade, claro.

Mas um lugar muito bom e seguro.
Agora tenho que organizar a papelada e atender todas as exigências da imobiliária.

Hoje também percebi que a onde de violência vem descendo.
Já chegou a Santa Catarina.

Muito embora sem vítima, a propagação do terror e do medo.
Na realidade, eles querem que esse sentimento de insegurança se instale.

Acredito ser esse o objetivo.
Ninguém está imune.

Logo, talvez aconteçam aqui no Estado.
No interior, acredito que seja mais difícil.

Não há, em tese, grupos tão complexos e organizados.
Todavia, devemos estar sempre atentos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Levantamento de local de crime.


E a semana já se inicia pequena.
Semana passada foram apenas dois dias trabalhados.

Essa, da mesma forma, já que sexta-feira é ponto facultativo.
Ponto facultativo, leia-se: feriadão!

Esqueci de mencionar semana passada que o trabalho investigativo realizado no interior, e contado em outra postagem, rendeu um grande reconhecimento.
Recebemos um elogio, por escrito, que foi despachado para se tornar uma portaria de louvor.

Além da felicidade ante ao reconhecimento, e o estímulo, essas portarias contam um ponto na hora das promoções.
Apenas a título de conhecimento, cursos realizados via internet, geralmente pelo SENASP, rendem mais três. E pode-se realizar até cinco por ano.

Doação de sangue também rende um ponto.
Tudo isso vai acumulando e ajuda na hora de sair promovido.

Mas voltando ao trabalho, a noite foi agitada.
Mas descobri isso hoje.

Não fui acionado durante a noite.
Um homicídio na cidade e um duplo homicídio tentado no interior.

Durante a tarde fomos realizar o levantamento do local do duplo homicídio tentado.
Um lugar bem retirado, longe.

Fotografamos, medimos a distância entre pontos, coletamos alguns achados e retornamos.
Contando assim, parece tudo fácil, rápido e simples.

Porém, perdemos a tarde realizando isso.
Além da distância, o trabalho minucioso toma tempo.

Nem tudo se apresenta diante dos nossos olhos, como nos filmes.
Nem sempre estamos caminhando e “oh, um vestígio!”.

A montagem de cenas requer imaginação.
Alguns acontecimentos encontrados exigem muita imaginação.

As vezes não entendemos o motivos de algumas coisas estarem do jeito como estão, mas devemos trabalhar com elas daquela forma e buscar os possíveis motivos.
A conduta humana é muito diversificada.

Há uma infinidade de possibilidades e serem sopesadas.
E então acaba vindo a famosa linha de pensamento: “o que eu teria feito nessa situação?”

Algumas perguntas acabam sendo respondidas.
Algumas não.

Ao não serem respondidas, o verdadeiro trabalho inicia.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Participando de uma exumação...


Como ontem, passei o dia trabalhando sozinho.
Continuei organizando os procedimentos antigos.

Há alguns dias fiquei sabendo que haveria uma exumação.
Não sabia ao certo quando seria.

Pela manhã, fiquei sabendo que seria hoje às 13h30min.
Pedi para participar e auxiliar no procedimento.

Como policial, veremos todo tipo de situação, e, quanto mais preparado para cenas fortes estivermos, melhor.
E esse certamente seria um bom choque de realidade.

O sepultamento datava de quase um ano, mas, segundo quem entende, isso é relativo.
Durante o almoço, quase chegando na sobremesa, lembrei que o ato logo mais não recomendava que eu comesse feito um cavalo.

Mas aí já era tarde.
Cheguei a repensar minha ida.

Chegando a hora, estava eu lá, esperando.
Fomos em três colegas buscar dois técnicos, que ajudam os peritos.

Todas aquelas perguntas leigas inerentes ao procedimento foram feitas.
Todas respondidas, com direito a algumas historinhas para exemplificar.

Chegamos ao cemitério e esperamos o perito por alguns poucos minutos.
Nada começa sem ele chegar.

Após sua chegada, os funcionários do cemitério começaram a abrir o túmulo.
Uma expectativa pairava sobre o que eu iria ver e como iria reagir.

Já acompanhei necropsias no DML durante a Academia, mas hoje seria algo diferente.
Logo o caixão foi puxado para fora, intacto.

Mantive-me afastado cerca de oito metros.
Enquanto a tampa era desparafusada, o silêncio imperava.

Ouvia-se apenas o ringir do metal do parafuso contra a madeira do caixão.
E então a tampa foi aberta.

Não senti cheiro algum.
De onde eu estava, não conseguia enxergar nada muito bem.

Decidi me aproximar.
Logo vi o corpo, quase todo decomposto.

Não exalava cheiro ruim.
Sentia-se apenas um cheiro que parecia de umidade, de mofo.

As amostras foram colhidas.
Tudo foi fotografado.

Depois de tudo, caixão fechado e colocado em seu lugar.
E aquela pobre alma pode descansar novamente.

Como podem perceber, foi tudo muito natural.
Voltei para a Delegacia e segui trabalhando normalmente.

Confesso que a experiência no DML mexeu mais comigo.
Mostrou-me nossa insignificância e finitude.

Que não importa o que ou quem éramos, o que tínhamos, ou qualquer outra coisa.
Tudo acaba da mesma forma.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Chega de folga!


E depois de cinco dias em casa, retomamos as atividades.
De trabalho e do Blog, que ficou meio de lado durante esses dias.

Tentei trazer outros textos, mas não consegui.
De início cabe dizer que nesta cidade em particular ou chove demais, ou faz calor demais.


Raramente há um meio termo.
Hoje, por exemplo, está um inferno.


Trabalhei sozinho hoje.
Na verdade, trabalhamos o aparelho de ar-condicionado e eu, quase o dia todo.

O ar-condicionado funcionou a todo vapor.
Com ele, tenho que escolher entre passar calor ou ter problemas de audição no futuro, já que ele proporciona um ruído constante enquanto funciona.

Normalmente não consigo render muito quando estou sozinho, mas hoje foi diferente.
Fiquei quase o dia todo encerrado na sala, organizando, separando, conferindo e colocando em ordem cronológica.

Dá bastante trabalho, toma muito tempo e aparece muito pouco.
Mas é necessário para um bom andamento das atividades.

Falando em atividades, continuo fazendo meu diário de atividades diárias.
Coloco absolutamente todas as atividades que realizo.

Espero juntar um pouco, imprimo e entrego para o Delegado.
E hoje foi de vital importância, já que precisei prestar informações sobre um procedimento que não lembraria número ou nomes das partes caso não tivesse anotado.

Pesquisei pelas atividades do dia e pronto, tinha todas as informações de que precisava.
Organização vale ouro!

No meio dessas atividades, entre um ruído e outro, ouvi uma vítima e dei uma passada no fórum com outro colega levar e buscar procedimentos.
Resumidamente, foi isso.

Como eu disse, fiz coisas que dão muito trabalho e aparecem muito pouco.
Meus ouvidos agradeceram o fim da jornada.

sábado, 3 de novembro de 2012

Alguns dias de folga.


Finalmente paro em frente a um computador com tempo para escrever um pouco.
Saí da cidade na quinta-feira e somente agora tive tempo, em meio a um monte de compromissos particulares.


Quinta-feira foi tranqüila, fiquei quase o dia todo na Delegacia.
Saí para a rua somente no final da tarde.

Passei o dia organizando registros de ocorrência que estão no nosso cartório.
Também fiquei sabendo que minhas horas extras não seriam pagas esse mês e que seriam convertidas em folga.

Portanto, segunda e terça ficarei em casa, fazendo jus à folga.
Ontem, finalmente, consegui um local apropriado e seguro para experimentar a pistola.

Está funcionando direitinho.
Mas estou meio destreinado.

Bastante, na verdade.
Depois tenho que fazer a limpeza nela.

É recomendado.
Como ficarei muitos dias sem trabalhar, tentarei conseguir alguma coisa com colegas que estão em outras cidades para publicar aqui.

Tentarei não deixá-los sem novidades.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Terá sido só coincidência?


O dia começou corrido.
Tínhamos cinco mandados para cumprirmos em apenas três equipes.

Os dois mandados de busca e apreensão de ontem eram relacionados aos de hoje.
Foram cumpridos ontem exatamente para que não tivéssemos mais trabalho hoje, precisando de mais gente.

Minha equipe foi formada por meu colega e eu.
E só.

Fomos até a residência, em um beco.
Esqueci de mencionar ontem o fato de já chegar usando luvas cirúrgicas para cumprir o mandado.

Casa fechada e sem movimento.
Armas coldreadas.

Batemos na porta.
Nada.

Batemos na porta e falamos que éramos da Polícia.
Nada.

Meu colega forçou levemente a porta e ela abriu.
Sacamos as armas.

Ele entrou e eu fui logo atrás.
Uma mulher saiu de um cômodo dos fundos falando que se vestiria e iria nos receber.

Perguntamos a ela se havia mais alguém na casa e ela disse que não.
Logicamente isso deve ser confirmado.

Foi então que utilizei as técnicas de fatiamento, aprendidas na Academia.
A arma passa a ser um terceiro olho.

Os outros cômodos, que não eram muitos, foram checados dessa forma.
Nada.

Isso já diminui a tensão.
A mulher vestiu-se e veio falar conosco.

Mostramos o mandado e começamos a cumpri-lo.
De chegada, meu colega encontrou um objeto suspeito dentro de uma sacola, ao lado da geladeira.

Um bebê de pouco mais de um mês chorava enquanto fazíamos nosso trabalho e a mulher tentava acalmá-lo.
Fizemos tudo como já descrevi outras vezes.

Procuramos em todos os lugares.
Mas apreendemos apenas esse objeto que foi encontrado logo na chegada.

Papelada feita, tudo assinado, rumamos para o outro endereço cumprir mais um mandado.
Os outros colegas faziam o mesmo, cada equipe em uma casa diferente.

Chegamos ao outro endereço e, novamente, tudo fechado.
Bati na porta.

Nada.
Meu colega fazia a volta pelo lado, cuidando os fundos.

Bati de novo.
Um menino de uns sete anos atendeu.

Perguntamos se ele estava sozinho.
Ele disse que sim.

Dissemos que éramos da Polícia e pedimos para verificar se havia alguém ali.
Ele abriu a porta e nós entramos.

A casa era maior do que a outra onde havíamos estado.
Mais cômodos a serem fatiados.

Logo apareceu um rapaz, com cara de sono, perguntando o que estava ocorrendo.
Com a mão no cabo da pistola, que estava no coldre, solicitei que ele levantasse os braços e encostasse na parede.

Ele obedeceu.
Passei a revistá-lo, enquanto ele perguntava onde estava o “mandato”.

Respondi que logo mostraria.
Revista feita. Estava limpo.

Mostramos o mandado, ele leu e passou a nos acompanhar.
Novamente, buscas em todos os lugares.

Não encontramos o que procurávamos.
Alguns objetos foram fotografados, mas não apreendidos.

Voltamos para a Delegacia e fiquei encarregado de fazer os registros, mencionando as apreensões de hoje e do dia anterior.
Terminei no início da tarde, etiquetei e entreguei tudo.

Comecei a separar alguns procedimentos que haviam chegado até nossa Seção.
Tudo separado em duas vias, algumas peças xerocadas, e tudo organizado.

Uma pessoa que fora intimada compareceu.
Uma vítima.

Parei tudo e fui tomar o depoimento.
Antes de terminar, pedi para que ela nos auxiliasse, sendo testemunha de um reconhecimento direto.

Aliás, o primeiro que presenciei.
Cinco indivíduos segurando números em uma sala que era separada por um vidro espelhado da outra sala, onde vítimas e testemunhas fazem o reconhecimento.

Apesar de informarmos que não há possibilidade de o autor do fato ver quem está fazendo o reconhecimento, o reconhecedor sempre fica reticente.
Posição dos indivíduos fotografada e consignado qual número a vítima mencionou.

Logo, fomos solicitados para a condução de três presos até o presídio.
E já fiz uso do par de algemas de novo.

A técnica policial aconselha superioridade numérica sempre.
Chamei mais um colega para, ao menos, irmos em igualdade numérica.

Eles foram colocados no xadrez da viatura, sem contato conosco.
O fato de estarem algemados, sem contato conosco e o trajeto ser curto, diminuía, em tese (pois na prática tudo é em tese) o risco.

E tudo correu sem problemas.
Voltamos pra Delegacia e continuei organizando meus procedimentos.

Fiquei verificando cada um, para ver quais providencias tomar para elucidar a autoria.
Um deles me chamou a atenção.

Um roubo em que a vítima era um caminhoneiro.
Haviam levado dinheiro e os documentos do caminhão.

Olhei a relação de documentos.
A placa era familiar.

Os documentos também.

Pedi para que meu colega conferisse a placa dos documentos encontrados ontem durante o cumprimento de busca no final da tarde.
Aqueles mesmo que eu havia encontrado dentro da caixinha de luz.

Bingo!
Era a mesma!

Todos os documentos descritos haviam diso localizados em virtude de outro procedimento.

Senti uma satisfação tão grande que não consigo descrever.
O fato de encontrar os documentos ontem e ver o procedimento hoje pode ter sido só coincidência.

Mas é como um coroamento, pois não sosseguei ontem enquanto não encontrei nada de estranho.
Foi esse desassossego, essa intuição, sei lá, que me fez continuar procurando.

Talvez seja um aviso de que as coisas estão sendo feitas corretamente.

Ou talvez, foi só coincidência.