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sábado, 13 de outubro de 2012

Um plantão muito movimentado


Assumimos o plantão pela manhã.
Nessa primeira frase já percebi que penso duas vezes para colocar acentos.

O programa OCR, onde se registram as ocorrências, não aceita acentos ou cedilhas.
Como mencionei no post anterior, o maior medo era de que caísse algo muito complexo, como um flagrante.

O dia estava muito tranqüilo e a cidade quase deserta.
Apenas pequenos registros eram feitos.

No entanto, cada ranger de porta ou barulho de carro estacionando na frente, me fazia pensar que era a Brigada trazendo alguém preso em flagrante.
Mas o dia seguia tranquilamente.

Era meia noite e dez minutos quando fechei a porta da Delegacia, pela falta de movimento.
Cinco minutos depois, a Brigada Militar apresenta três menores apreendidos.

Não haviam feito grande coisa, mas o fato deveria ser registrado.
Para fins de organização e precaução, conduzi os menores ate as celas.

Foram muito bem revistados e colocados separados.
O “muito bem revistados” é: tira a roupa e entra na cela.

Revista-se as roupas, tira-se cadarço dos calçados, cintas, cigarros, celulares e qualquer outro objeto que não seja do vestuário.
Feita a revista, entreguei as roupas para eles.

Revistei os bolsos na frente de cada menor, mostrando o que eu estava tirando e onde estava colocando, para evitar problemas.
Depois, embalei os pertences separadamente e os deixei guardados.

Não conseguíamos contato com os responsáveis, o que dificultava o andamento da ocorrência.
Quando não se consegue contato com familiares, comunicamos o Conselho Tutelar para receber os menores e levá-los para casa.

Quando estávamos no meio deste procedimento, a Brigada apresenta um individuo preso em flagrante pelo delito de roubo.
Não havia cela vazia, então, tirei um dos menores e já o trouxe para que a colega tomasse o termo de declarações, enquanto eu revistava o preso recém chegado.

Aí, um panorama que em imaginação já se desenhava difícil, mostrou-se ainda mais trabalhoso na prática.
Terminamos primeiro o procedimento relativo aos menores, que já estava em andamento, para só então passar para o flagrante propriamente dito.

Tive auxilio de um colega mais velho, que compareceu para dar os passos iniciais do flagrante.
O resto foi por minha conta.

Passamos a noite toda em função desses dois procedimentos.
Para alguém com mais prática, provavelmente seria mais rápido. Mas não era nosso caso.

Ao final de tudo isso, quando terminamos, o cansaço pesou.
Passamos as 24 horas de plantão acordados.

A estes fatos somam-se as saídas para levantamentos fotográficos e as apreensões feitas nos procedimentos.
Nada difícil, mas que toma tempo.

Terminado o plantão e tendo sido substituído pelo plantonista de sábado, fui para o local onde estou parando provisoriamente.
Tomei um banho, arrumei minhas coisas, e fui para o posto da PRF, na BR, para tentar uma carona. Consegui tranquilamente.

Dormi quase toda a viagem, conversei muito pouco com o caminhoneiro, mas expliquei que havia amanhecido de serviço.
Ainda estou meio bêbado de sono enquanto escrevo, buscando as frases finais para ir descansar.

Percebo que, apesar do medo inicial, não houve maiores problemas.
Tivemos, sim, casos mais “chatos” que o normal, mas solucionamos.

O medo inicial dissipou-se.
Já me sinto mais preparado para um futuro (espero que não) plantão.

Aqui me despeço e vou dormir.

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